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Pequeno deserto passional - VI

Foto del escritor: Airton VieiraAirton Vieira

Briton Riviere (1898)


Por Airton Vieira


Sábado da Paixão (Estação em S. João diante da porta latina)


Assim, entregai-lhes os filhos à fome e a eles próprios a fio de espada. Percam suas mulheres os filhos e maridos, morram os homens pela peste, e os jovens caiam sob a espada nos combates. Quando, de súbito, sobre eles lançardes hordas armadas, ouçam-se os clamores partidos de suas casas, já que cavaram uma fossa para prender-me, e armaram laços a meus pés. (Jr 18,18-23)


O sexto e último dia destas reflexões nos traz, pela Epístola tomada novamente do profeta Jeremias, “palavras duras” aos tempos atuais, especialmente se pensarmos em mais um período de “guerras e rumores de guerras” como o que vivemos, alvo de uma mal disfarçada empatia, pelo muito que pouco já vale a vida. Ao mesmo tempo, veterotestamentárias palavras que supostamente contrastam com a boa nova de um Jesus "manso e humilde de coração" (Mt 11,29), que por isso ainda hoje suscitam dúvidas ou sobre a autenticidade das Escrituras ou de se um e mesmo Deus é o autor-inspirador de ambas as partes.


Destarte, dificilmente o comum das gentes não se escandaliza ou cede à tentação de ver no Antigo e Novo Testamentos “deuses distintos”, tese defendida com certo entusiasmo por idólatras de toda estirpe (lembrando Dostoiévski para quem “idólatras são todos, não ateus”). O pano de fundo desta artificial dicotomia serve, dentre outros, a princípios judaizantes negacionistas, para utilizar uma expressão em voga, da divindade de Cristo, que buscam eliminar a coesa e coerente unidade entre os Testamentos, negando assim que se trate de um e mesmo Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo autores dos 72 livros sagrados, que os judeus quereriam 45. E os protestantes, com um pé lá outro cá, 66.


Como Jesus não veio abolir, mas dar cumprimento à Lei, mostrando que Ele e o Pai são um, encontramos no Evangelho de hoje, em consonância com a Epístola que o antecede, outras “palavras duras” de Cristo, que em resposta ao entusiasmo dos gentios desejosos de vê-lo avisa que quem quiser segui-lo sem seguir seus passos, sem estar disposto ao sacrifício ou mesmo à morte, periga andar nas trevas, mesmo em meio à luz.


Para se perceber a estreita conexão entre ambas "palavras duras" é preciso primeiro ter em mente que ao contrário do que se pode inferir de uma leitura superficial, o profeta, figura de Cristo, o “Justo”, com sua súplica-lamento não busca a condenação de seus inimigos, mas o alerta preventivo sobre às naturais consequências que chegam todos os que negam e afrontam a justiça, dando de ombros a seu Autor. E estas são, invariavelmente, a guerra, fome, destruição, catástrofes e violências diversas, portanto, em estado caótico de quem "não sabe para onde vai" (Jo 12,34). O que tentou, há alguns anos, dizer o Papa Ratzinger aos governos das nações: que as crises são menos sócio-político-econômicas como de ordem moral. É aquilo de que o homem, quando opta por "conspirar contra o Senhor e contra seu Cristo" (Sl 2) não faz mais que conspirar contra si, os seus e toda a ordem natural, que não lhe apresentará a outra face.


Assim, entendemos o porquê da resposta de Cristo aos gentios (Jo 12,10-36), uma resposta às gentes de todos os tempos e lugares. Deus, por conhecer o coração humano mais que ele próprio, não se ilude com pequenas ou grandes ações, mas desprovidas de boas intenções (cf. Mt 7,21-23; 1 Cor 13). Por isso deixou consignado, pelas mãos do Apóstolo amado, que a multidão que o ovacionava, estendendo ramos e mantos à sua passagem, se constituía especialmente pelos que haviam visto ou ouvido falar na ressurreição de Lázaro; como outrora o seguiram pelo milagre dos pães e queriam fazê-lo Messias-rei, mas segundo a imanente concepção humana.


Levados ao sabor das ondas e dos ventos, buscando a Deus por tudo o que não seja Ele, não somos dignos de crédito, como não o foi a multidão de seguidores do Domingo de Ramos, que na Quinta seguinte já vemos amotinada pedindo a cabeça do Justo ovacionado, que em questão de horas passa à condição de vil Crucificado na hedionda e redentora Sexta Passional.


Eles, como todos os que desde então agimos do mesmo modo, jogando com Deus, não o levando a sério, cavando fossas para prendê-lo ou armando laços a seus pés, merecemos, se algo de consciência ainda restar, nada mais que nossos filhos sejam entregues à fome e seus pais à violência e à crápula; que “percam suas mulheres os filhos e maridos, morram os homens pela peste, e os jovens caiam sob a espada nos combates”. Porque a máxima desgraça efêmera sobre a terra não se compara à mínima eterna sob ela.


Andemos, enquanto a temos, como filhos da luz, pois "a noite está quase passada e o dia aproxima-se. Deixemos, pois, as obras das trevas, e revistamo-nos das armas da luz."

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